A PERSONALIDADE TEM O PODER DE ABRIR PORTAS, MAS É O CARÁTER QUE AS MANTÉM ABERTAS! MINHAS ORIGENS COMEÇAM POR ESTES SERES QUE DERAM-ME A VIDA! SAUDADES MEU PAI, SAUDADES MINHA MÃE...MEUS IRMÃOS E IRMÃS!
sábado, 30 de abril de 2011
Não perder tempo juntando, juntando, juntando.
Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas
não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com
este pouco que vai tentar segurar a onda,
buscando coisas que saiam de graça, como
um pouco de humor, um pouco de fé e
um pouco de criatividade...
- Mário Quintana -
Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas
não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com
este pouco que vai tentar segurar a onda,
buscando coisas que saiam de graça, como
um pouco de humor, um pouco de fé e
um pouco de criatividade...
- Mário Quintana -
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Gota
Já viste a alma presa
No cálice de tua mão?
Não validemos tal dor,
No cômputo final
Ela não ultrapassa uma gota,
Um suspiro de orvalho
Sacrificado ao ar.
Ao universo nada importa,
Tudo traz o selo de perfeição.
Não choro.
Mas como queria de vós, natureza,
Uma tal isenção.
- Fernando Campanella -
Já viste a alma presa
No cálice de tua mão?
Não validemos tal dor,
No cômputo final
Ela não ultrapassa uma gota,
Um suspiro de orvalho
Sacrificado ao ar.
Ao universo nada importa,
Tudo traz o selo de perfeição.
Não choro.
Mas como queria de vós, natureza,
Uma tal isenção.
- Fernando Campanella -
SONETO DOS VINTE ANOS
Que o tempo passe, vendo-me ficar
no lugar em que estou, sentindo a vida
nascer em mim, sempre desconhecida
de mim, que a procurei sem a encontrar.
Passem rios, estrelas, que o passar
é ficar sempre, mesmo se é esquecida
a dor de ao vento vê-los na descida
para a morte sem fim que os quer tragar.
Que eu mesmo, sendo humano, também passe
mas que não morra nunca este momento
em que eu me fiz de amor e de ventura.
Fez-me a vida talvez para que amasse
e eu a fiz, entre o sonho e o pensamento,
trazendo a aurora para a noite escura.
- Lêdo ivo -
Que o tempo passe, vendo-me ficar
no lugar em que estou, sentindo a vida
nascer em mim, sempre desconhecida
de mim, que a procurei sem a encontrar.
Passem rios, estrelas, que o passar
é ficar sempre, mesmo se é esquecida
a dor de ao vento vê-los na descida
para a morte sem fim que os quer tragar.
Que eu mesmo, sendo humano, também passe
mas que não morra nunca este momento
em que eu me fiz de amor e de ventura.
Fez-me a vida talvez para que amasse
e eu a fiz, entre o sonho e o pensamento,
trazendo a aurora para a noite escura.
- Lêdo ivo -
A UM GATO
Não são mais silenciosos os espelhos,
nem mais furtiva a alma aventureira;
és, sob a lua, essa pantera
que nos é permitido avistar de longe.
Por obra indecifrável de um decreto
divino, te procuramos em vão;
mais remoto que o Ganges e o poente,
tua é a solidão, teu o segredo.
Tuas costas aceitam a amorosa
carícia de minha mão. Hás admitido,
desde essa eternidade que já é esquecimento,
o amor da mão receosa.
Em outro tempo estás. És o dono
de um recinto fechado como um sonho.
- Jorge Luis Borges -
Não são mais silenciosos os espelhos,
nem mais furtiva a alma aventureira;
és, sob a lua, essa pantera
que nos é permitido avistar de longe.
Por obra indecifrável de um decreto
divino, te procuramos em vão;
mais remoto que o Ganges e o poente,
tua é a solidão, teu o segredo.
Tuas costas aceitam a amorosa
carícia de minha mão. Hás admitido,
desde essa eternidade que já é esquecimento,
o amor da mão receosa.
Em outro tempo estás. És o dono
de um recinto fechado como um sonho.
- Jorge Luis Borges -
A Coruja Branca
Em minha casa entre as árvores ouço o rumor da noite.
O vento escorraça os astros crepitantes
As montanhas descem em direção ao mar como rebanhos
que não tivessem esperado a licença da aurora para
a migração necessária.
E a erva cresce. E a água corre. E o mundo recomeça
como uma palavra interrompida. E as nuvens caem do céu
e rastejam no caminho danificado pelas chuvas de janeiro.
Um pio atravessa a folhagem murmurante.
A coruja branca, minha irmã sedentária,
vigia na escuridão o mundo abandonado
por tantas pálpebras fechadas.
- Lêdo Ivo -
Em minha casa entre as árvores ouço o rumor da noite.
O vento escorraça os astros crepitantes
As montanhas descem em direção ao mar como rebanhos
que não tivessem esperado a licença da aurora para
a migração necessária.
E a erva cresce. E a água corre. E o mundo recomeça
como uma palavra interrompida. E as nuvens caem do céu
e rastejam no caminho danificado pelas chuvas de janeiro.
Um pio atravessa a folhagem murmurante.
A coruja branca, minha irmã sedentária,
vigia na escuridão o mundo abandonado
por tantas pálpebras fechadas.
- Lêdo Ivo -
LUA
Quando eu nasci a minha mãe morria
com uma santidade de alma em pena.
Seu corpo era translúcido.Ela tinha
sob sua carne um luminar de estrelas.
Morreu.Mas eu nasci.
Por isso levo
um invisível rio em minhas veias,
um invencível canto de crepúsculo
que me estimula o riso e mo congela.
Ela ajuntou à vida que nascia
o estéril ramalhar de vida enferma,
A palidez das mãos de moribunda
amarelou em mim a lua cheia.
Por isso, irmão está tão triste o campo
atrás dessas vidraças transparentes...
...Esta lua amarela em minha vida
faz com que eu seja um abrolhar da morte...
- Pablo Neruda -
Quando eu nasci a minha mãe morria
com uma santidade de alma em pena.
Seu corpo era translúcido.Ela tinha
sob sua carne um luminar de estrelas.
Morreu.Mas eu nasci.
Por isso levo
um invisível rio em minhas veias,
um invencível canto de crepúsculo
que me estimula o riso e mo congela.
Ela ajuntou à vida que nascia
o estéril ramalhar de vida enferma,
A palidez das mãos de moribunda
amarelou em mim a lua cheia.
Por isso, irmão está tão triste o campo
atrás dessas vidraças transparentes...
...Esta lua amarela em minha vida
faz com que eu seja um abrolhar da morte...
- Pablo Neruda -
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